Um guia sobre as dimensões de navios de carga para expedidores
Uma breve história sobre os navios porta-contentores
Se já leu o nosso artigo sobre os tipos e dimensões de contentores, sabe que o primeiro navio porta-contentores era, na verdade, um navio-tanque modificado (mais sobre isso abaixo), o Ideal X, que viajou de New Ark, Nova Jérsia, para Houston, Texas, a 26 de abril de 1955. Carregava pouco menos de 60 contentores - atrelados de 35 pés com chassis removidos.
Atualmente, os maiores navios porta-contentores transportam bem mais de 20 000 unidades equivalentes a vinte pés (TEU). Um contentor de 20 pés mede 1 TEU e um contentor de 40 pés mede 2 TEU, o que significa que os grandes navios porta-contentores transportam milhares de contentores. O progresso técnico e o crescimento em termos dimensão que os navios porta-contentores sofreram são surpreendentes.
A capacidade de carregar mais carga num único navio aumenta a eficiência e, por conseguinte, reduz as emissões de carbono. A popularidade do navio porta-contentores deve-se à qualidade multimodal do contentor ISO padrão, que pode ser carregado em camiões e embarcações e transportado de comboio.
Os navios porta-contentores modernos têm os seus porões (o espaço onde a carga é armazenada) divididos em compartimentos com guias de células (também designados por navios celulares) onde os operadores de gruas podem encaixar confortavelmente os contentores de 20 e 40 pés. Isto permite um carregamento rápido e eficiente. O porão de cada porta-contentores de longo curso inclui uma tampa de escotilha, que beneficia a estabilidade e a segurança do navio.
Os navios porta-contentores variam em muitos tamanhos e elementos de design para alojar equipamentos e mercadorias especiais, como contentores refrigerados ou cargas perigosas, mas importa realçar que alguns podem ser equipados com gruas. Esses navios são designados por equipados (por oposição aos navios não equipados, que não incluem grua) ou por navios de carga vertical (lift-on/lift-off, LoLo). Embora isso signifique que estes navios podem visitar portos que não oferecem gruas, estão a tornar-se mais raros, tal com os porta-contentores LoLo.
A forma como a estrutura supra dos portos se desenvolveu permite atualmente o carregamento rápido e fácil dos navios porta-contentores. As marés, a profundidade da água e a dimensão das bacias portuárias, a disponibilidade de pilotos e rebocadores, a dimensão e o alcance das gruas (de pórtico), a disponibilidade de pórticos automóveis ou autogruas empilhadoras, a conetividade ao interior (estradas, ferrovias e vias navegáveis) e as instalações aduaneiras funcionam em conjunto para permitir o envio por contentor.
Planear o carregamento de contentores – um jogo de Tetris em tamanho real
À correta disposição dos contentores no navio chama-se plano de acondicionamento. Um navio porta-contentores faz normalmente escala em vários portos durante a sua viagem: sempre que o navio atraca no porto, um determinado número de contentores é carregado ou descarregado. A correta disposição dos contentores é fundamental para a eficiência de manuseamento do porto – imagine ter de descarregar um contentor e perceber que este está localizado no fundo do compartimento da embarcação, por baixo de uma pilha de outros contentores.
O plano de carregamento é concebido por planeadores de navios com base nas instruções de reserva e envio (incluindo a Massa Bruta Verificada) e tem em consideração os portos de carga e descarga, os tipos de equipamentos, as mercadorias (por exemplo, material perigoso) e o peso. O comandante monitoriza o processo de descarregamento e carregamento e intervém a bordo do navio, se necessário.
Um plano de acondicionamento eficiente contribui para a segurança da vida no mar. Uma distribuição desigual do peso no navio pode ter consequências dramáticas, uma vez que o navio pode tombar. Empilhar cargas mais pesadas por cima de uma pilha de contentores pode fazer com que colapse e ameaçar a vida dos marinheiros.
Consulte os nossos recursos sobre a massa bruta verificada e a segurança da vida no mar (SoLaS) para garantir que a sua carga é transportada em segurança.
Todos os navios porta-contentores estão obrigatoriamente equipados com um sistema de identificação automática (AIS). Este dispositivo partilha as coordenadas GPS do navio, evitando colisões entre as embarcações e proporcionando visibilidade em condições climatéricas difíceis. Também permite serviços de localização e o seguimento, como o myDHLi.
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Outros tipos de navios de carga importantes
Os navios de carga são classificados com base no tipo de carga que transportam, na sua embalagem (ou falta dela) ou na forma como se destina a ser carregada na embarcação.
Dimensões de navios porta-contentores
As dimensões dos navios porta-contentores são frequentemente classificadas de acordo com a sua capacidade de TEU, variando de algumas centenas de TEU para navios feeder “Feeders e embarcações” a 18 000 TEU ou mais para Navios Porta-contentores Ultragrandes (UCLV) “Panamax e outros estreitos”.
A dimensão importa porque a capacidade de carregar mais contentores no navio é a chave para a eficiência, mas não é tudo. A capacidade de operar em determinados terminais portuários ou a capacidade de navegar pelos canais do Panamá ou de Suez também são fatores determinantes para o transporte marítimo eficiente de cargas.
Feeders e embarcações
Os navios feeder têm uma capacidade que varia de 300 a um máximo de 1000 TEU. Podem operar em portos mais pequenos nos quais os navios porta-contentores de grande porte não conseguem atracar. Fornecem a carga a estes navios grandes, referidos como navios-mãe, em hubs de alto mar e transportam a carga dos grandes navios de volta para a costa. Uma sólida coordenação economiza tempo e permite que as embarcações maiores cubram um número reduzido de portos. Os navios feeder podem ser equipados ou não equipados.
Embora não se qualifiquem como navios feeder, as embarcações que transportam contentores são usadas para transportar cargas em contentores por vias navegáveis interiores, onde as embarcações maiores também não podem entrar. Neste tipo de transporte intermodal, a embarcação pode transportar até 300 TEU na Europa, enquanto, na América do Norte, a carga pode variar entre 450 e 900 TEU.
Da mesma forma, os navios que operam no Estreito de São Lourenço têm capacidade limitada devido à limitação do calado, mas não são feeders. São navios especializados que requerem uma “classe de navegação no gelo“, o que lhes permite operar durante todo o ano, mesmo através de uma enorme deriva de gelo.
Panamax e outros estreitos
Os navios Panamax e Neo-Panamax podem passar pelo Canal do Panamá, na América Central, uma vez que têm uma largura quase igual à das comportas. Os navios Neo-Panamax são mais largos (até 49 metros), mais compridos e mais profundos (a profundidade de um navio é também designada por calado) do que os Panamax, uma vez que cabem nas novas dimensões do canal desde que foram construídas novas comportas maiores. Isto permite que os navios Neo-Panamax transportem até 14 000 TEU, enquanto os navios Panamax só podem transportar cerca de 5000.
Algumas rotas de transporte contornam o Canal do Panamá, impondo assim menos restrições ao design dos navios que o utilizam. Estes navios maiores são designados por Post-Panamax. Deram lugar a outros navios muito largos e, agora, Navios Porta-contentores Ultralargos (ULCV), que transportam 18 000 TEU e mais. Os navios Suezmax podem passar pelo Canal de Suez – na maioria das vezes, este tamanho abrange os navios-tanque. A sua largura mede até 50 metros e pode até ser maior, se o navio tiver um calado reduzido.
Ainda mais largos e com uma capacidade de carga ainda maior (20 000 TEU ou mais), alguns navios são designados Post-Suezmax, porque as suas dimensões excedem o que o estreito ou canal pode permitir.
Apenas alguns portos em todo o mundo, como Roterdão ou Singapura, possuem infraestruturas para lidar com navios porta-contentores ultragrandes. No entanto, mesmo um navio Panamax não poderá fazer escala em determinados portos se estiver totalmente carregado. Os portos onde os navios muito largos ou totalmente carregados podem atracar são designados por portos de águas profundas. Conforme explorado acima, os navios feeder garantem uma boa ligação entre os terminais.
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